Depois do que se assistiu nos treinos do WTCC, esperava-se que a Honda saísse de Marrocos com um sorriso nos lábios. Os Civic TC1, com apenas 40kg de lastro (comparando com os 80kg da Citroen) e com um chassis mais apto a lidar com o novo traçado marroquino, pareciam ser a máquina ideal para dominar o fim de semana. E o resultado não foi muito distante do previsto, embora a sorte (em forma de carros amarelos com pouca apetência a travar a tempo) tenha bafejado os homens da Citroen, que subiram de forma algo inesperada ao pódio da corrida de abertura. Mas na corrida principal, a Honda teve sempre a vitória garantida e a tripla foi conseguida com eficácia (não sem antes um susto, com Lopez a andar em 3º algumas voltas). O novo traçado de Marraquexe até pode ser engraçado de se conduzir mas em nada ajuda ao espectáculo, com poucas oportunidades de ultrapassagem e nenhuma zona realmente emocionante.
Citroen: Lopez não larga a liderança
O argentino sabia que não podia deixar escapar Monteiro na luta pelo titulo e as contas apresentavam-se complicadas no inicio do fim de semana. A Honda estava muito forte e os Citroen sentiam dificuldades em aguentar os travões numa pista onde se trava muito e há pouco espaço para arrefecer o material e com mais 80Kg a tarefa complica-se. Mas a corrida de abertura contou com a colaboração preciosa dos homens da Lada, que abriram caminho para que os Citroen conseguissem chegar ao pódio, permitindo a Lopez ganhar uma vantagem preciosa sobre Monteiro, que seria útil para cobrir os pontos ganhos pelo português na corrida principal. Pechito esteve novamente muito bem (como é habitual) e mostrou como pressionar os adversários, sem os atirar para fora de pista. Tanto contra Coronel como contra Monteiro, Lopez foi agressivo mas justo e não usou truques menos recomendáveis. A classe do campeão do mundo nota-se nestes pormenores e o argentino manteve-se na liderança do campeonato. Já Muller continua sem encontrar o melhor ritmo e ontem viu-se que está longe do andamento de Lopez, algo que se reflecte com o 6º lugar na geral.
José Maria Lopez: Nota 8
Yvan Muller: Nota 7
Honda: Uma mostra de força como nunca se viu
Assistimos à primeira mostra de força da Honda desde que entrou em 2013 no WTCC. Aquilo que esperávamos desde início chegou apenas agora mas chegou num fim de semana em que se sentiu claramente que os Civic tinham alguma vantagem em relação aos Citroen. Não podemos esquecer que os franceses carregam muito mais peso desde início mas foi mesmo para isso que os lastros foram criados… para equilibrar as contas. Huff está num excelente momento e esta vitória é a prova disso. O especialista em pistas citadinas mostrou a sua qualidade na qualificação e bastou recolher os frutos dessa exibição na corrida. Depois do começo fulgurante de Monteiro, parece que é agora Huff que está ligeiramente melhor do trio de estrelas da equipa. Michelisz mantém-se muito constante, como é seu hábito e Monteiro tem estado um pouco menos forte nas duas últimas corridas…mas mesmo assim voltou ao pódio o que mostra que não há motivos para alarme. No entanto a Honda está sob investigação, pois os comissários da FIA têm dúvidas se o fundo plano dos Civic é legal. Pensa-se que os carros estejam a usar o fundo plano para distribuir o peso extra dos lastros no carro, melhorando o equilíbrio do carro, mas os regulamentos dizem que os pesos apenas podem ser fixados no lado do “passageiro”. Uma decisão é esperada nas próximas semanas mas se o fundo plano for ilegal será um rude golpe para a equipa. A seguir com atenção. Foi também pena que a equipa não desse autorização a Michelisz de tentar atacar o primeiro lugar… ficamos a perder e não gostamos muito deste tipo de ordens.
Rob Huff: Nota 9
Michelisz: Nota 8
Monteiro: Nota 8
Lada: demasiada chapa batida
Não esperávamos que a Lada se mostrasse ao nível da Citroen ou da Honda mas nada fazia esperar uma exibição tão pálida dos pilotos. Apenas Tarquini se mostrou a um nível aceitável conseguindo o 6º lugar nas duas corridas. Catsburg teve um fim de semana para esquecer. Esteve bem na qualificação (mais uma vez) mas na corrida 1 embrulhou-se com Bjork e arruinou a corrida de ambos e na corrida 2 largando das boxes pouco havia a fazer. Mas o caso mais complicado é de Valente. Voltou a ter um toque desnecessário, acabando com a corrida de Thompson que ia em primeiro podendo ambos chegar ao pódio com facilidade. Na corrida principal ainda se envolveu com Tarquini (está visto que os pilotos não se dão bem em pista) e por sorte, apenas a pintura dos Lada ficou danificada. Mas Valente começa a consolidar a fama de piloto rápido em qualificação mas que em corrida erra demais. Se não melhorar depressa terá vida difícil para se manter na equipa. Mantemos que o piloto tem qualidade e pode ser dos melhores mas assim não terá vida facilitada. Quem não arrisca não petisca mas quem arrisca demais sujeita-se.
Gabrielle Tarquini: Nota 7
Nick Catsburg: Nota 5
Hugo Valente: Nota 4
Volvo: Um desempenho chocante
Parecia que estava tudo encaminhado para o primeiro pódio da equipa sueca, mas mais uma vez o azar bateu a porta. Catsburg falhou a travagem e atirou Bjork para fora da corrida quando seguia no top3. Ekblom que seguia mais atrás conseguiu ainda pontuar mas foi um resultado curto para o que a equipa podia ter alcançado. Na corrida 2, inexplicavelmente os Volvo mostraram um andamento sofrível, e levaram uma volta de avanço dos líderes. Bjork não encontrou explicações para o sucedido e os dois pilotos limitaram-se a trazer os carros de volta as boxes sem danos. O carro que até mostrou que conseguia lidar bem com a chuva teve um desempenho péssimo nas mesmas condições em Marrocos. Muitas dores de cabeça para os engenheiros da Polestar.
Fredrick Ekblom: Nota 5
Thed Bjork: Nota 4
Os privados: Coronel comandou em casa de Benanni
Coronel mostrou novamente um andamento muito bom, beneficiando do lastro zero do Cruze e aproveitou da melhor maneira a batida de Valente em Thompson, conquistando a 5ª vitória no WTCC. No entanto na corrida 2 a afinação do seu carro deu-lhe problemas e não conseguiu dar luta a quem o passou. Benanni em casa terá ficado com uma sensação de amargo na boca, pois foi o seu pior fim de semana desde o inicio da época. Se calhar o “factor casa” pesou nos ombros do piloto que não foi além do 14º na qualificação, conseguindo no entanto uma boa recuperação na corrida principal acabando em 8º. O seu colega de equipa Chilton fez 7º lugar na corrida 1 mas foi desclassificado na corrida principal, por ter usado pneus de chuva que não estavam de acordo com os regulamentos, perdendo o 10º lugar. Ficza mostrou algum potencial com a pista molhada, Filippi e Demoustier foram iguais a si próprios, embora Filippi tenha tido azar na corrida 2 com a roda dianteira esquerda a soltar-se do carro. Mas o grande destaque vai para Thompson. Depois de um ano de paragem, fez a 2ª corrida numa pista difícil e conseguiu um bom resultado na corrida principal, tendo-lhe sido roubada a hipótese de lutar pelo pódio. Mas o britânico mostrou que está em forma e Munnich não perdia nada em entregar-lhe o carro em mais umas quantas corridas.
Tom Coronel: Nota 8
Mehdi Benanni: Nota 7
Tom Chilton: Nota 7
John Filippi: Nota 5
Gregoire Demoustier: Nota 4
Ferenc Ficza: Nota 5
James Thompson: Nota 8
Fábio Mendes
Chicane Motores para o CIVR