A taça europeia de turismos continua a pretender ser a porta de entrada para o WTCC, mas o sucesso do TCR está a colocar alguma sombra neste campeonato. Depois de algumas indefinições no início da época, com a vontade de se introduzir uma categoria chamada WTCC2, algo que entretanto foi abandonado, o ETCC manteve-se nos moldes do ano passado.
Em relação aos pilotos, aconteceram algumas entradas como as de Christjohannes Schreiber para o lugar de Kris Richard no Civic da “Rikli Motorsport” e vencedor da edição do ano passado, assim como a entrada de Andreas Pfister (Seat Leon) e a chegada de um novíssimo Audi RS3 LMS, pilotado por Plamen Kralev. Zsolt Szabo é também novidade na “Zengö”, que voltou a apostar em 2 carros este ano. Para gáudio dos fãs portugueses, Fábio Mota manteve-se no ETCC para este ano tentar melhorar os resultados e afirmar-se no campeonato.
A primeira prova do ano aconteceu em Monza, o mesmo local onde decorreram os testes de pré época e onde Petr Fulin dominou. Mas a qualificação trouxe um cenário completamente diferente, com os Hondas de Rikli e Schreiber a serem os mais rápidos. Fábio Mota tinha um desempenho discreto e era apenas 8º, com dificuldades na afinação da sua máquina.
Na corrida os Hondas comandaram as operações e embora Rikli tenha liderado até a ultima volta, o seu colega de equipa Schreiber passou por ele e foi o primeiro a cruzar a linha de meta, seguido de Rikli e Fulin. Mas os comissários de pista aplicaram penalizações aos pilotos dos Honda irregularidades na largada, ficando Fullin com a vitória, seguido então de Schreiber e Rikli.
Na segunda corrida assistimos a um arranque fulminante dos Honda, que depressa arrecadaram as primeiras posições, com o trio vencedor da Corrida 1 a liderar a Corrida 2. Mas mais uma vez os comissários acharam por bem penalizar os pilotos por excederem os limites de pista na largada e assim Rikli levou 10 segundos e Fulin 5. Schreiber era o vencedor da Corrida 2 e saia líder de Itália. Mota teve um fim-de-semana para esquecer, com uma afinação longe da ideal para esta pista e duas penalizações, uma em cada corrida, que arruinaram por completo o seu esforço.
A segunda ronda do ETCC tinha como palco Hungaroring e nos treinos livres tínhamos as primeiras surpresas… Kralev, que na ronda anterior teve uma prestação pouco conseguida com muitos erros era o mais rápido nos treinos livres assim como… Fábio Mota. Quando choveu e os pilotos tiveram de enfrentar condições mais difíceis o português mostrou a sua qualidade e esperava-se que repetisse a dose no resto do fim-de-semana.
Mas na qualificação o homem mais forte foi Alexandr Artemyev, que regressava ao ETCC para um único fim-de-semana. Szabo e Nagy, os homens da casa fecharam o top 3 e mostravam que estavam com vontade de dar alegrias ao muito público presente nas bancadas. Fábio Mota não conseguiu melhor que o 9º lugar.
Artemyev perdeu a pole por não ter ido às pesagens, o que o atirou para o fundo do grid, ficando assim a primeira linha da grelha entregue aos homens da “Zengö”. Mas mais uma vez o arranque dos Hondas deixou todos de queixo caído e Schreiber ocupava o primeiro lugar depois das primeiras curvas, seguido de Szabo e Rikli. O suíço manteve o primeiro lugar até ao final e foi acompanhado no pódio por Szabo que ainda tentou mas não o conseguiu ultrapassar e Nagy que ganhou a posição a Rikli, conquistando o último lugar do pódio.
Para a segunda corrida tínhamos Fábio Mota na primeira linha do grid, depois de ter terminado a primeira corrida em 7º, mas mais uma vez o arranque dos Honda foi demolidor e desta vez foi Rikli a ficar com a primeira posição. Fábio Mota foi obrigado a desistir cedo na prova, devido a um problema na suspensão, acabando de forma inglória a sua prestação. Rikli liderou a prova até ao final, mesmo depois da entrada do “Safety Car” originada por um toque entre entre Fulin e Szabo, com o último a ficar fora de prova. Mas o azar voltou a bater à porta de Rikli que, com um problema no seu Honda, ficou encostado às protecções, entregando a vitória a Schreiber seguido de Artemyev e Nagy.
Schreiber mantinha-se líder da prova e tornava-se num dos favoritos à vitória final.
Seguia-se o grande desafio do ano… a pista de Nordschleife recebia de novo as máquinas do ETCC e as coisas começavam bem para as cores lusas, com Fábio Mota a conquistar o 3º lugar na qualificação, atrás do inevitável Schreiber, que conquistou a pole e Fulin, com o 2º lugar.
Na corrida, o top 3 da qualificação manteve-se inalterado mas Schreiber, pela primeira vez este ano, foi bafejado pelo azar e teve um problema no seu Civic que o obrigou a desistir, ficando a liderança entregue a Fulin, com Mota atrás em segundo sob pressão de Stefanovski. Esta luta durou até ao final da corrida e Mota não aguentou os sucessivos ataques e teve de se contentar com já muito bom 3º lugar.
A 2ª corrida começou com Rikli na liderança, seguido de Stefanovski e Pfister a fechar o top3. Mota era 5º, atrás do Kralev. No entanto o português encetou uma recuperação notável e só parou na 2ª posição. Rikli teve novamente problemas no seu carro e perdeu a liderança e Stefanovski foi o vencedor, seguido de Mota e Fulin. Mota foi, a par de Fulin, o grande destaque deste fim de semana com dois pódios e duas prestações sólidas.
Para já está tudo muito equilibrado na frente, com Schreiber em primeiro com 44 pontos (a ronda da Alemanha foi ingrata para o piloto), seguido de Fulin (43) e Stefanovski (33). Fábio Mota é 6º com 18 pontos.
Os destaques vão claramente para Schreiber, que está a ser o piloto mais forte, aproveitando ao máximo o potencial do Civic TCR, que parece ser a máquina mais forte do “grid” para já. O suíço tem feitos arranques absolutamente fantásticos (algo que já levantou suspeitas por parte dos adversários) e graças a isso tem conseguido ficar nos lugares cimeiros bem cedo nas corridas. Fulin é sempre um nome a ter em conta na luta pelo título, que no ano passado lhe fugiu entre os dedos.
Pela negativa temos visto Rikli com vários azares acumulados e que, por causa disso, apenas ocupa a 5ª posição. Kralev tem sido o piloto que mais problemas tem arranjando, com manobras pouco conseguidas e toques desnecessários, não aproveitando o potencial que o Audi tem mostrado noutras competições.
Fábio Mota tem feito uma época em crescendo. O início foi penoso mas o português soube sempre responder as adversidades com tenacidade e o resultado de Nordschleife é um excelente tónico para a sua corrida. Vila Real é uma pista que bem conhece e onde no ano passado se mostrou extremamente competitivo mesmo com uma máquina inferior. Este ano o objectivo passará por lutar pelos lugares cimeiros e já mostrou capacidade para isso.
Fábio Mendes
Chicane Motores / Purple Profile – New Media Agency