ETCC – Ponto de situação

A taça europeia de turismos continua a pretender ser a porta de entrada para o WTCC, mas o sucesso do TCR está a colocar alguma sombra neste campeonato. Depois de algumas indefinições no início da época, com a vontade de se introduzir uma categoria chamada WTCC2, algo que entretanto foi abandonado, o ETCC manteve-se nos moldes do ano passado.

 

Em relação aos pilotos, aconteceram algumas entradas como as de Christjohannes Schreiber para o lugar de Kris Richard no Civic da “Rikli Motorsport” e vencedor da edição do ano passado, assim como a entrada de Andreas Pfister (Seat Leon) e a chegada de um novíssimo Audi RS3 LMS, pilotado por Plamen KralevZsolt Szabo é também novidade na “Zengö”, que voltou a apostar em 2 carros este ano. Para gáudio dos fãs portugueses, Fábio Mota manteve-se no ETCC para este ano tentar melhorar os resultados e afirmar-se no campeonato.

START 1 91 SCHREIBER Christjohannes (CHE), Rikli Motorsport, Honda Civic, action during the 2017 ETCC European Touring Car Championship race of Hungary at hungaroring, Budapest from may 12 to 14 – Photo Jean Michel Le Meur / DPPI

A primeira prova do ano aconteceu em Monza, o mesmo local onde decorreram os testes de pré época e onde Petr Fulin dominou. Mas a qualificação trouxe um cenário completamente diferente, com os Hondas de Rikli e Schreiber a serem os mais rápidos. Fábio Mota tinha um desempenho discreto e era apenas 8º, com dificuldades na afinação da sua máquina.

Na corrida os Hondas comandaram as operações e embora Rikli tenha liderado até a ultima volta, o seu colega de equipa Schreiber passou por ele e foi o primeiro a cruzar a linha de meta, seguido de Rikli e Fulin. Mas os comissários de pista aplicaram penalizações aos pilotos dos Honda irregularidades na largada, ficando Fullin com a vitória, seguido então de Schreiber e Rikli.

Na segunda corrida assistimos a um arranque fulminante dos Honda, que depressa arrecadaram as primeiras posições, com o trio vencedor da Corrida 1 a liderar a Corrida 2. Mas mais uma vez os comissários acharam por bem penalizar os pilotos por excederem os limites de pista na largada e assim Rikli levou 10 segundos e Fulin 5. Schreiber era o vencedor da Corrida 2 e saia líder de Itália. Mota teve um fim-de-semana para esquecer, com uma afinação longe da ideal para esta pista e duas penalizações, uma em cada corrida, que arruinaram por completo o seu esforço.

A segunda ronda do ETCC tinha como palco Hungaroring e nos treinos livres tínhamos as primeiras surpresas… Kralev, que na ronda anterior teve uma prestação pouco conseguida com muitos erros era o mais rápido nos treinos livres assim como… Fábio Mota. Quando choveu e os pilotos tiveram de enfrentar condições mais difíceis o português mostrou a sua qualidade e esperava-se que repetisse a dose no resto do fim-de-semana.

Mas na qualificação o homem mais forte foi Alexandr Artemyev, que regressava ao ETCC para um único fim-de-semana. Szabo e Nagy, os homens da casa fecharam o top 3 e mostravam que estavam com vontade de dar alegrias ao muito público presente nas bancadas.  Fábio Mota não conseguiu melhor que o 9º lugar.

Artemyev perdeu a pole por não ter ido às pesagens, o que o atirou para o fundo do grid, ficando assim a primeira linha da grelha entregue aos homens da “Zengö”.  Mas mais uma vez o arranque dos Hondas deixou todos de queixo caído e Schreiber ocupava o primeiro lugar depois das primeiras curvas, seguido de Szabo e Rikli. O suíço manteve o primeiro lugar até ao final e foi acompanhado no pódio por Szabo que ainda tentou mas não o conseguiu ultrapassar e Nagy que ganhou a posição a Rikli, conquistando o último lugar do pódio.

Para a segunda corrida tínhamos Fábio Mota na primeira linha do grid, depois de ter terminado a primeira corrida em 7º, mas mais uma vez o arranque dos Honda foi demolidor e desta vez foi Rikli a ficar com a primeira posição. Fábio Mota foi obrigado a desistir cedo na prova, devido a um problema na suspensão, acabando de forma inglória a sua prestação. Rikli liderou a prova até ao final, mesmo depois da entrada do “Safety Car” originada por um toque entre entre Fulin e Szabo, com o último a ficar fora de prova. Mas o azar voltou a bater à porta de Rikli que, com um problema no seu Honda, ficou encostado às protecções, entregando a vitória a Schreiber seguido de Artemyev e Nagy.

Schreiber mantinha-se líder da prova e tornava-se num dos favoritos à vitória final.

Seguia-se o grande desafio do ano… a pista de Nordschleife recebia de novo as máquinas do ETCC e as coisas começavam bem para as cores lusas, com Fábio Mota a conquistar o 3º lugar na qualificação, atrás do inevitável Schreiber, que conquistou a pole e Fulin, com o 2º lugar.

Na corrida, o top 3 da qualificação manteve-se inalterado mas Schreiber, pela primeira vez este ano, foi bafejado pelo azar e teve um problema no seu Civic que o obrigou a desistir, ficando a liderança entregue a Fulin, com Mota atrás em segundo sob pressão de Stefanovski. Esta luta durou até ao final da corrida e Mota não aguentou os sucessivos ataques e teve de se contentar com já muito bom 3º lugar.

A 2ª corrida começou com Rikli na liderança, seguido de Stefanovski e Pfister a fechar o top3. Mota era 5º, atrás do Kralev. No entanto o português encetou uma recuperação notável e só parou na 2ª posição. Rikli teve novamente problemas no seu carro e perdeu a liderança e Stefanovski foi o vencedor, seguido de Mota e Fulin. Mota foi, a par de Fulin, o grande destaque deste fim de semana com dois pódios e duas prestações sólidas.

Para já está tudo muito equilibrado na frente, com Schreiber em primeiro com 44 pontos (a ronda da Alemanha foi ingrata para o piloto), seguido de Fulin (43) e Stefanovski (33). Fábio Mota é 6º com 18 pontos.

Os destaques vão claramente para Schreiber, que está a ser o piloto mais forte, aproveitando ao máximo o potencial do Civic TCR, que parece ser a máquina mais forte do “grid” para já. O suíço tem feitos arranques absolutamente fantásticos (algo que já levantou suspeitas por parte dos adversários) e graças a isso tem conseguido ficar nos lugares cimeiros bem cedo nas corridas. Fulin é sempre um nome a ter em conta na luta pelo título, que no ano passado lhe fugiu entre os dedos.

Pela negativa temos visto Rikli com vários azares acumulados e que, por causa disso, apenas ocupa a 5ª posição. Kralev tem sido o piloto que mais problemas tem arranjando, com manobras pouco conseguidas e toques desnecessários, não aproveitando o potencial que o Audi tem mostrado noutras competições.

Podium MOTA Fabio (PRT), Lein Racing, Seat Leon Cup Racer, ambiance portrait during the 2017 ETCC European Touring Car Championship race at Nurburgring, Germany from May 26 to 28 – Photo Antonin Vincent / DPPI

Fábio Mota tem feito uma época em crescendo. O início foi penoso mas o português soube sempre responder as adversidades com tenacidade e o resultado de Nordschleife é um excelente tónico para a sua corrida. Vila Real é uma pista que bem conhece e onde no ano passado se mostrou extremamente competitivo mesmo com uma máquina inferior. Este ano o objectivo passará por lutar pelos lugares cimeiros e já mostrou capacidade para isso.

 

Fábio Mendes

Chicane Motores / Purple Profile – New Media Agency

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